viernes, noviembre 12

CARPAS A MOSCA-Explorando Nuevos Horizontes

Carpas à Pluma - Explorando novos horizontes 
Escrito por José Rodrigues    
Segunda, 13 Abril 2009 0

Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2009 da revista "O Pescador"


Existem muitas diferenças entre pescar carpas com a técnica da pluma e pescar carpas com métodos ditos tradicionais. Uma destas diferenças é a procura, o acto de procurar e localizar uma carpa, para depois a tentar pescar.

Procurar esta espécie é um grande desafio. Daí que um dia de pesca dedicado a esta espécie quase sempre se torna num dia muito exigente a nível físico, obrigando o pescador a caminhar pelas margens, por vezes durante muito tempo, até avistar a primeira carpa ou encontrar um local com várias carpas em actividade.

O que procurar
O importante é, sem dúvida, ver sem ser visto e, para isso, quando andamos à procura, devemos fazê-lo o mais afastadamente possível da margem, esperando identificar qualquer movimento que denuncie a sua presença. Um dos maiores problemas poderá ser detectar uma carpa e decidir o que fazer naquele momento. Mas isso é algo que, com o tempo, se aprende a identificar, sendo que a prática e a experiência irão jogar a nosso favor.
Podemos ver diversas coisas, dependendo da hora do dia e da profundidade do local. Durante a manhã, especialmente nas primeiras horas e se não houver vento, conseguimos ver mais facilmente as carpas a movimentarem-se em águas baixas: vemos alguma ondulação na superfície ou vemos o dorso das carpas fora de água, enquanto procuram alimento junto à margem.
Saber o que fazer
Quando descobrimos uma carpa a comer, é sempre imprevisível o que irá acontecer nos momentos seguintes e temos de avaliar a situação para decidir o que fazer. Devemos aproveitar os momentos em que estamos fora do alcance da sua visão e realizar uma aproximação lenta, de silhueta baixa, de forma a não denunciarmos a nossa presença. Quando nos aproximarmos o suficiente, temos de ver como ela está a comer e a sua posição dentro de água, já que, muitas vezes, não é fácil descobrir para que lado está a cabeça. Daí que algo muito importante é sabermos observar e esperar pelo momento certo, para realizar o nosso lançamento. Claro está que, se nos fosse sempre permitida uma aproximação perfeita, esta pesca tornar-se-ia monótona e sem graça. Muitas vezes, somos obrigados a reagir instintivamente, algo que se aprende com o tempo.
O poder da precisão
Sem dúvida que quem domine o lançamento e tenha precisão será um bom pescador de carpas. Para termos sucesso, teremos de lançar a nossa pluma no sítio certo e no momento certo, bastando, muitas vezes, um pequeno desvio, para não conseguirmos despertar o interesse da carpa. É necessário ter em atenção que a maioria dos locais onde pescamos as carpas não estão livres de obstáculos, tanto nas margens como atrás do pescador e, como grande parte dos lançamentos são realizados de silhueta baixa, será fácil que alguma coisa corra mal, como a linha prender no chão ou a pluma ficar presa atrás de nós em paus, pedras e vegetação.
Quando nos aproximarmos o suficiente, devemos tirar a linha necessária para realizar o lançamento e observar o que está por trás de nós para, então, com o menor número de falsos lançamentos, colocar a pluma no sítio que queremos.

A pluma mágica
Muitos pescadores não fazem ideia de que as carpas podem ser apanhadas à pluma, o que também demonstra algum desconhecimento sobre a espécie. Uma carpa, no seu meio natural e selvagem, tem de comer o que a natureza lhe oferece e, neste caso, será junto às margens e em águas pouco profundas que irá encontrar maior quantidade de alimento, seja este de origem animal ou vegetal. Nas margens, as carpas comem, desde pequenas aglomerações de algas, a pequenas larvas, lagostins ou até mesmo moluscos, em locais onde estes existam.


Quando desenhamos uma pluma para a carpa, devemos ter em conta o local em que vamos pescar. Os tamanhos das plumas variam consoante o ser que estamos a imitar. Se imitamos uma larva, podemos montar as plumas em anzóis que vão do número 16 até ao 10, enquanto que, se quisermos montar um lagostim, temos de utilizar anzóis que vão do número 10 até ao 6. O peso também é algo importante. Em águas baixas, devemos utilizar sempre plumas leves, já que as carpas se assustam com facilidade e o simples “ploc” da pluma a cair na água é suficiente para que fujam. Em locais com um pouco mais de profundidade, já podemos utilizar plumas mais pesadas, pois vamos querer que estas cheguem rapidamente ao nível da carpa, porque esta nem sempre fica muito tempo no mesmo local e, se não formos rápidos, perderemos a nossa oportunidade. As cores que normalmente utilizo são preta, oliva e laranja, porque estas são as cores presentes nos seres de que elas se alimentam. Daí que estas cores são as cores número um.

A pluma está no sítio certo, e agora?
Por vezes, quando a pluma cai no sítio certo, nem há necessidade de a mover: a carpa irá ver a ninfa em queda e irá comer. Outras vezes, em zonas onde a carpa está com a visão limitada, temos de a colocar mesmo à sua frente. Mas, se lançarmos muito perto, poderá fugir com o tal “ploc”. Então, o que fazer?
A solução que encontrei é simples: realizamos o lançamento de forma a que a pluma caia uns 60 ou 80 cm para lá do sítio onde a queremos e, então, mal ela toca a água, com um movimento de braço, puxamos a linha rapidamente, de forma a que a ninfa risque a água na superfície, parando no sítio onde queremos que esta caia. Desta forma, a carpa não se irá assustar com a pluma, à partida, claro!
Outra regra é manter a ponta da cana baixa, muito baixa, porque, muitas vezes, a carpa não vê a pluma se não lhe dermos algum movimento. Mas este movimento terá de ser um movimento preciso e calculado. Se recolhermos a linha 5 cm, temos de ter a certeza de que a pluma vai percorrer esses 5 cm da forma que desejamos e, para isso, temos de manter a cana em baixo.


Comeu não comeu?!
Ver a carpa, aproximar-se e conseguir lançar a pluma com precisão no sítio certo é uma coisa, mas saber o momento certo para ferrar o peixe e a forma como o devemos fazer é outra. Como já referi, o comportamento da carpa é imprevisível e é esta imprevisibilidade que me leva a perseguir este peixe sempre que posso.
Por vezes, o lançamento perfeito assusta a carpa; outras vezes, só à quarta tentativa conseguimos um bom lançamento, mas a carpa nem se apercebeu do sucedido. Por vezes, a pluma cai a meio metro da carpa e esta investe a grande velocidade; outras vezes, a pluma tem de cair à sua frente, para que a veja e coma. Por vezes, o “ploc” da pluma a bater na água a meio metro da carpa faz com que se vá embora; outras vezes, o “ploc” mesmo por cima dela não a parece incomodar. Enfim, nunca podemos prever o que poderá acontecer!
Mas, quando tudo corre como desejado e a carpa se mostra interessada na pluma, ela vai nadar até à pluma e comer. Eu digo a muitos amigos que cravar uma carpa tem de se tornar algo instintivo: chegará o momento em que sabemos que a carpa acaba de comer a pluma. Podemos ver a carpa a parar sobre a pluma e a investir no fundo; podemos ver um movimento de rotação e uma paragem. Elas darão sempre um sinal que nos fará saber e, se não derem, nós, com a prática, saberemos, instintivamente, que estão a comer a pluma. Em alguns momentos e em alguns locais, em que conseguimos, de forma especial, aproximar-nos de algumas carpas e pescar “de ponta”, com apenas um metro de terminal fora da cana, conseguimos vê-las a abrirem a boca e aspirar a pluma, ou então a tombarem ligeiramente e a olharem para nós, dizendo que fomos vistos. Seja uma experiência de sucesso ou insucesso, será, sem dúvida, uma boa experiência.
Quando pescamos carpas à pluma, temos de ter a consciência de que estamos a pescar um peixe muito forte e, no momento da ferragem, se não tivermos algum cuidado, podemos perder o peixe. No momento de ferrar, o maior inimigo é a adrenalina e, se ferrarmos com a cana, ao levantá-la, apenas iremos parar quando esta estiver bem em cima e, com a carpa a fazer força no outro lado, o terminal irá partir com frequência. Daí que, para ferrar uma carpa, utilizo a mão e a cana. Assim, sei perfeitamente a quantidade de força a aplicar e aplico consoante o que sinto do outro lado. Mantendo a cana baixa, basta esticar a linha com a mão e temos a carpa ferrada. Mas não existem garantias, já que, mesmo assim, algumas vezes aplicamos um pouco mais de força e, se a carpa tiver um comportamento mais violento, o terminal não aguenta e parte. Se não partir, vamos, de certeza, ter uma boa luta.

A imprevisibilidade desta pesca vai-nos obrigar a aplicar e a melhorar toda a nossa técnica e destreza. A magia não estará em apanhar uma carpa, mas sim em apanhar carpas com consistência ao longo do tempo, em diversos cenários e com diferentes condições climatéricas. São estas experiências que, vividas ao longo das jornadas de pesca, tornam a pesca à pluma uma modalidade tão especial.